O dissidente chinês Liu Xiaobo morreu nesta quinta-feira (13), no nordeste da China. O Prêmio Nobel da Paz de 2010 tinha um câncer de fígado em fase terminal e sofria de falência múltipla dos órgãos. A família não aceitava que ele recebesse respiração artificial.
O Gabinete de Assuntos Jurídicos da cidade de Shenyang, onde fica o Hospital Universitário Nº1, afirmou que a morte de Liu, de 61 anos, aconteceu três dias depois começar a receber tratamento intensivo.
De acordo com o hospital, o paciente sofreu um choque séptico, uma infecção abdominal e foi submetido à diálise. O Prêmio Nobel da Paz, que estava preso, só teve a liberdade condicional em 26 de junho.
O anúncio da morte é delicado para Pequim porque expõe o tratamento reservado a dissidentes políticos no país. Mais cedo, nesta quinta, a China voltou a negar os apelos internacionais para que o opositor recebesse tratamento no exterior.
Para o comitê do Nobel norueguês, a China tem uma "grande responsabilidade" na morte "prematura" de Liu Xiabo ao privá-lo de cuidados médicos adaptados. "Consideramos profundamente perturbador que Liu Xiaobo não tenha sido transferido a um estabelecimento onde poderia ter recebido um tratamento médico adequado antes que sua doença entrasse em estágio terminal", declarou a presidente do comitê, Berit Reiss-Andersen.
Em 2009, o ativista foi condenado a 11 anos de prisão, acusado de "subversão" após reivindicar reformas no país. Ele foi um dos autores da Carta 08, um texto que defendia a democracia na China. O professor, intelectual e dissidente ainda tinha três anos de sua condenação a cumprir. Os governos dos Estados Unidos, Alemanha e Taiwan ofereceram tratamento a Liu.
Homem passa por imagem de Liu Xiaobo em exposição no Centro Nobel da Paz, em Oslo (Foto: Odd Andersen/AFP)
Direitos humanos
Antes da morte de Liu, ativistas chineses dos direitos humanos questionaram os boletins médicos divulgados pelas autoridades e temiam uma possível manipulação das informações.
"Como as autoridades controlam todas as informações relativas ao estado de saúde de Liu Xiaobo é difícil verificar a veracidade dos comunicados publicados pelo hospital na internet", disse à AFP Patrick Poon, diretor chinês da Anistia Internacional.
"Alguém poderia perguntar de maneira legítima se as autoridades não publicam estas informações para justificar sua recusa a permitir que deixe o país", completou.
"Não sabemos em que medida são boletins médicos profissionais ou informações manipuladas com fins políticos", declarou Maya Wang, da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch.
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